Academia Brasileira de
Letras é uma
instituição literária brasileira fundada na cidade do Rio de Janeiro em 20 de julho de 1897
por escritores como Machado de Assis, Lúcio de Mendonça, Inglês de
Souza, Olavo Bilac, Afonso Celso, Graça Aranha, Medeiros e Albuquerque, Joaquim
Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Ruy Barbosa. Composta
por quarenta membros efetivos e perpétuos e por vinte sócios estrangeiros. A
escritora Ana Maria Machado foi eleita para presidir
a academia no biênio 2012/2013. Foi a segunda mulher a ocupar o cargo.
Tem por fim o cultivo da língua portuguesa, comum a Portugal e
ao Brasil,
e da literatura brasileira. É-lhe reconhecida
como tendo desenvolvido esforços em prol da unificação do idioma, do português brasileiro e do português europeu, nomeadamente teve um papel
importante no Acordo Ortográfico de 1945, conseguido em
conjunto com a Academia das Ciências de Lisboa. Assim
como foi de novo um interlocutor fundamental no ainda "polémico" Acordo Ortográfico de 1990.
É responsável pela edição de
obras de grande valor histórico e literário, e atribui diversos prémios
literários.
História
A instituição remonta ao final do século XIX,
quando escritores e intelectuais brasileiros desejaram criar uma academia
nacional nos moldes da Academia
Francesa.
Esta tem quarenta cadeiras,
ocupadas por quarenta membros efetivos perpétuos (no mínimo vinte e cinco devem
morar na cidade que sedia a Academia, o Rio de Janeiro), sendo cada novo membro
eleito pelos acadêmicos para ocupar uma cadeira vazia devido ao falecimento do
último titular. Há ainda vinte membros estrangeiros correspondentes.
A iniciativa foi tomada por Lúcio de Mendonça, concretizada em reuniões
preparatórias que se iniciaram em 15 de
dezembro de 1896 sob a presidência de Machado de
Assis(eleito por aclamação) na redação da Revista Brasileira. Nessas reuniões, foram
aprovados os estatutos da Academia Brasileira de Letras a 28 de janeiro de 1897, compondo-se o seu
quadro de quarenta membros fundadores. A 20 de julho desse
ano, era realizada a sessão inaugural, nas instalações do Pedagogium,
prédio fronteiro ao Passeio Público, no centro do Rio.
Sem possuir sede própria nem
recursos financeiros, as reuniões da Academia foram realizadas nas dependências
do antigo Ginásio Nacional, no Salão Nobre do Ministério
do Interior, no salão do Real Gabinete Português de Leitura,
sobretudo para as sessões solenes. As sessões comuns sucediam-se no escritório
de advocacia do Primeiro Secretário, Rodrigo Octávio, à rua da Quitanda, 47.
A partir de 1904, a Academia obteve a
ala esquerda do Silogeu Brasileiro, um
prédio governamental que abrigava outras instituições culturais, onde se
manteve até a conquista da sua sede própria.
Em 1923, graças à iniciativa
de seu presidente à época, Afrânio
Peixoto e do então embaixador da França,
Raymond Conty, o governo francês doou à Academia o prédio do Pavilhão Francês,
edificado para a Exposição do
Centenário da Independência do Brasil, uma réplica do Petit Trianon de Versalhes, erguido pelo arquiteto Ange-Jacques Gabriel, entre 1762e 1768.
Essas instalações encontram-se
tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio
Cultural (INEPAC), da Secretaria
Estadual de Cultura, desde 9 de novembro de 1987. Os seus salões
funcionam até aos dias de hoje abrigando as reuniões regulares, as sessões
solenes comemorativas, as sessões de posse dos novos acadêmicos, assim como
para o tradicional chá das quintas-feiras. Podem ser conhecidas pelo público
em visitas guiadas ou em programas culturais como concertos de música de
câmara, lançamento de livros dos membros, ciclos de conferências e peças de teatro.
No primeiro pavimento do
edifício, no Saguão, destaca-se o piso de mármore decorado,
um lustre de cristal francês,
um grande vaso branco de porcelana de Sèvres e
quatrobaixos-relevos em
pedra de coade ingleses. Entre as demais dependências, ressaltam-se:
·
o Salão Nobre, onde ocorrem as sessões solenes;
·
o Salão Francês, onde o novo membro, tradicionalmente,
permanece sozinho, em reflexão;
·
a Sala Francisco Alves, onde destaca-se uma pintura a óleo
sobre tela, da autoria de Rodolfo
Amoedo, retratando um coletivo de escritores e intelectuais do século XIX;
·
a Sala dos Fundadores, decorada com mobiliário de época e
pinturas de Cândido Portinari;
·
a Sala Machado de Assis, decorada com a escrivaninha, livros
e objetos pessoais do escritor, com destaque para um retrato dele, de autoria
de Henrique Bernardelli;
·
a Sala dos Poetas Românticos tem como destaque os
bustos em bronze de Castro Alves, Fagundes
Varela, Gonçalves
Dias, Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo, de autoria de Rodolfo Bernardelli.
No segundo pavimento
encontra-se a Sala de Chá, onde os acadêmicos se encontram, às
quintas-feiras, antes da Sessão Plenária, a Sala de Sessões e
a Biblioteca. Esta última atende aos acadêmicos e a pesquisadores, com destaque
para a coleção de Manuel Bandeira.
Espaço Machado de Assis
No segundo pavimento do Centro
Cultural da Academia Brasileira de Letras encontra-se o Espaço Machado
de Assis, que abriga o Núcleo de Informação e Referência sobre a obra de Machado de
Assis, a Galeria de Exposições e a Sala de
Projeções, onde se podem assistir filmes e vídeos relativos ao universo
machadiano.
Características
A Academia tem por fim, segundo os seus estatutos, a "cultura da
língua nacional", sendo composta por quarenta membros efetivos e
perpétuos, conhecidos como "imortais", escolhidos entre os cidadãos
brasileiros que tenham publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor
literário, e vinte sócios correspondentes estrangeiros.
À semelhança da Academia francesa, o cargo de "imortal" é
vitalício, o que é expresso pelo lema "Ad immortalitem", e a sucessão
dá-se apenas pela morte do ocupante da cadeira. Formalizadas as candidaturas,
os acadêmicos, em sessão ordinária, manifestam a vontade de receber o novo
confrade, através do voto secreto.
Os eleitos tomam posse em sessão solene, nas quais todos os membros
vestem o fardão da Academia, de cor verde-escura com bordados de ouro que
representam os louros, complementado por chapéu de veludo preto com plumas
brancas. Nesse momento, o novo membro pronuncia um discurso, onde
tradicionalmente se evoca o seu antecessor e os demais ocupantes da cadeira
para a qual foi eleito. Em seguida, assina o livro de posse e recebe das mãos
de dois outros imortais o colar e o diploma; a espada é
entregue pelo decano, o acadêmico mais antigo. A cerimônia prossegue com um
discurso de recepção, proferido por um confrade, referindo os méritos do novo
membro.
Instituição tradicionalmente masculina, a partir de 4 de novembro de 1977, aceitou como membro Rachel de
Queiroz, para quem foi desenhada uma versão feminina do tradicional
fardão: um vestido longo de crepe francês verde-escuro, com folhas de louro bordadas
em fio de ouro.
Presidentes da ABL
O primeiro presidente da ABL foi Machado de
Assis, eleito por aclamação e também seu "presidente
perpétuo". Durante quase 34 anos consecutivos, Austregésilo de Athaydepresidiu o Silogeu
(1959-1993), imprimindo, na sua gestão, um caráter de vitaliciedade ao cargo
que fugia aos princípios originais - e que foi abandonado por seus sucessores.
Ana Maria Machado, eleita em 2011, presidiu a ABL
durante o biênio 2012/2013, sendo sucedida por Geraldo Holanda Cavalcanti.
Membros
No quadro atual da Academia,
o mais antigo dos Imortais é José Sarney,
eleito em 17 de julho de 1980, e o mais novo é Antônio
Torres, eleito para a cadeira de número 23 em 7 de novembro de 2013.
Patronos das cadeiras
Para cada uma das quarenta cadeiras, os fundadores escolheram os
respectivos patronos, homenageando personalidades que marcaram as letras e a
cultura brasileira, antes da fundação da Academia.
Foi uma inovação. A Academia
Francesa, que servira de modelo, instituíra as cadeiras, mas
atendendo apenas a uma numeração de um até quarenta. A escolha desses patronos
deu-se de forma um tanto aleatória, com sugestões sendo feitas pelos próprios
imortais.
Historiando esta escolha, em discurso proferido na casa, no ano de 1923, Afrânio
Peixoto (que dela foi presidente), deixou registrado:
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Recentemente, acadêmico para quem a Academia é
número um de suas preocupações, entendeu obviar o defeito, dotando os sócios
correspondentes de patronos. Elaborou a lista dos grandes excluídos —
Alexandre de Gusmão; Alexandre Rodrigues Ferreira; A. de Morais Silva;
Antônio José; Botelho de Oliveira; D. Borges de Barros; Eusébio de Matos; Dom
Francisco de Sousa; Fr. Francisco de Monte Alverne; Gonçalves Ledo; José
Bonifácio, o Patriarca; Matias Aires, Nuno Marques Pereira, Odorico Mendes,
Rocha Pita, Santa Rita Durão, Silva Alvarenga, Sotero dos Reis, Fr. Vicente
do Salvador, Visconde de Cairu — e teve a habilidade, eleitoral, de fazê-la
aceita. É exato que a maioria é de baianos, o que trai a origem, mas, agora,
já não se dirá que os sessenta patronos não incluem os mais consagráveis dos
brasileiros escritores. A exclusão desses vinte seria escandalosa e
certamente eles valem mais que vinte dos outros quarenta, escolhidos sem
unidade de critério, ou, como devera ser apenas, critério de justiça.
Sócios correspondentes
No quadro atual da Academia,
o mais antigo dos sócios correspondentes é José Carlos de Vasconcelos, eleito em
1981, e o mais novo é Didier
Lamaison, eleito em 2009.
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Críticas
A Academia Brasileira de Letras já foi criticada por nunca ter se aberto para aclamados escritores da literatura brasileira, tais como Lima Barreto, Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Erico Verissimo e Mário Quintana, bem como por ter tornado "imortais" os políticos Getúlio Vargas,José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, ex-presidentes da República; o político catarinense Lauro Müller; o médico Ivo Pitanguy, cirurgião plástico; o inventor Santos Dumont, que apesar de suas grandes contribuições científicas, não se dedicava à produção literária; Assis Chateaubriand, magnata das comunicações no Brasil entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1960; Roberto Marinho, fundador do maior império de mídia do país; Merval Pereira, jornalista colaborador da Rede Globo; e Paulo Coelho, cujos romances esotéricos são vistos como de pouco valor literário.
Também não participaram da Academia os escritores Jorge de Lima e Gerardo Melo Mourão, indicados ao Prêmio Nobel de Literatura. António Cândido de Mello e Sousa, Autran Dourado, Rubem Fonseca, Ferreira Gullar e Dalton Trevisan, vencedores do Prêmio Camões, são outros nomes importantes que não figuram entre os membros da instituição.
O mérito dos patronos das cadeiras também é bastante debatido, conforme pode ser visto no trecho do discurso proferido por Afrânio Peixoto, registrado acima.
O jornalista Fernando Jorge em "A Academia do Fardão e da Confusão: a Academia Brasileira de Letras e os seus 'Imortais' mortais" critica a eleição de "personalidades" para a ABL, ou seja, pessoas influentes na sociedade, mas cuja principal ocupação não era a literatura e que, muitas vezes, produziam materiais apenas para que pudessem ser eleitos, nunca mais voltando a produzir qualquer obra de valor literário. O pesquisador também critica o processo eleitoral, pois este não seria feito com base nos méritos literários dos candidatos.
Jorge também afirma que a Academia também não empreende projetos em favor da cultura da língua portuguesa, apesar de dispor de capital para, por exemplo, relançar edições esgotadas e promover campanhas de alfabetização e incentivo a leitura. Além disso, para o escritor, a instituição permaneceu calada diante das pesadas censuras doGoverno Vargas e do Regime Militar brasileiro.
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Brasileira_de_Letras